Foto: https://literaturainfantiljuvenilsc.ufsc.br
SUZANA MAFRA
( Brasil – Santa Catarina )
A escritora Suzana Mafra nasceu em Brusque aos cinco dias de julho de 1966, onde mora até hoje.
Formou-se em Biblioteconomia e tem mestrado em Literatura, pela Universidade Federal de Santa Catarina.
Publicou os livros Borboletras: poemas curtos que voam, pela Editora da UFSC, e 50 crônicas escolhidas, ambos pela Design Editora. Escreveu crônicas para o jornal A Notícia, entre os anos 2007 e 2009. Em 2010, ganhou o Primeiro lugar no concurso OFF FLIP poesia e recebeu menção honrosa no Prêmio Hernani Cidade, de Portugal.
Atua como bibliotecária na Biblioteca Pública de Brusque, onde desenvolve projetos de incentivo à leitura.
Para as crianças, publicou o livro O Anjo Avoado, em parceria com a ilustradora Márcia Cardeal, pela editora Nova Letra.
Blog da escritora: <http://borboletrasnoquintal.blogspot.com.br
BABEL Revista de Poesia, Tradução e Crítica. Ano IV - Número 6 - Janeiro a Dezembro de 2003. Editor Ademir Demarchi. Campinas, São Paulo Ex. bibl. Antonio Miranda
manhãs sem Artaud
vá, então, por entre escombros
de humanos insensatos
e force um sorriso nos lábios
vá
me deixe aqui
neste outono vestido de verão
ouviste as cigarras?
há algo de sinistro
disfarçados nos jardins
pássaros cantam
tudo sem alma
o espectador trouxe
o peito vazio
homem-máquina
a angústia pesa sobre os ombros
curvados feito escombros
de cimento (sentimento?)
vá e diga a todos
que a cigarra também canta
no outono e em domingos
diga
"eles estão enlouquecidos"
sopraremos todos
sobre os vasos de barro
sobraremos todos
êxtase
joguei fora o mel
você nem ri mais
foi (não foi!) tua língua
feito lixa sobre o mel
tua voz ausente blasfema
no caracol sem ondas
não é amor não foi.
só nos lambuzamos
uma vez
depois
lambemos as palavras
perpetuadas de ausência
cumprimentos e despedidas
num teclado e visor plano
não foi amor, foi uma pílula
artificial. um cosmético novo
a preço de ouro adentrou
nossas vidas lacanianas
nada mais
consumiu-se
*
o touro me persegue
nu
os chifres de marfim
mu
os olhos aos confins
e me transformo, sim
lua
um corvo voa em mim
veloz sobre florestas
lia
o poema dos druidas
*
Dentro dela saía
pela boca
— inteira —
uma tripa de palavras
ela ia puxando
aquilo
como um mágico
de circo
ela ia puxando
as palavras
e não se
engasgava
fui chegando
perto
fugi de minha
mãe
fugi de meu
pai
despistei meus
irmãos
passei por debaixo
de um elefante
e parei
em frente da mulher
ela acenou que sim
peguei na outra ponta
do fio
*
VEJA e LEIA outros poetas de SANTA CATARINA em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/santa_catarina/santa_catarina.html
Página publicada em janeiro de 2003
|